quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Desafios de morar sozinha – Parte II


A cozinha francesa carrega o mito de ser muito refinada e complexa, exigindo um salário de alto nível e uma educação a base de livros e erudição. Para mim, o que tenho visto aqui é uma culinária que dá valor aos tomates e outros vegetais e também um tipo que chamamos de “estudantil”. Aquela é provençal, ótima para ser acompanhada por um vinho e seguida por um queijo. Esta, mais usual, é basicamente a base de pão e acompanhada por uma água da bica e pode ser degustada na praça, embaixo de uma árvore, no meio do tram ou até no caminho para a aula.
Comer em restaurante aqui significa gastar no mínimo 10 euros. Digo isso de restaurantes que servem saladas e carnes, porque McDonald´s sai por 1 euro. Mesmo na pão durice eu não me rendo ao Mc, embora também não freqüente os restô da cidade. O que fazer? Já que tempo eu tenho, faço comida em casa. Esta semana me dei conta de que minha empolgação inicial com omeletes e massas se foi e passei a achar tudo com o mesmo gosto. Cebola, alho, pimenta que vale centavos não tão fluindo mais. Bloqueio criativo!
Talvez motivada pelo desânimo de ter que comer um bife de frango meio queimado de novo, hoje cozinhei galinha (galinha ou frango?) pela primeira vez. Minha empreitada foi de sucesso, graças aos fóruns na internet que ensinam como cozinhar. O frango desfiado com molho pronto foi a melhor coisa que eu já fiz aqui, mas senti falta de aspargos, de champignon e de uma folhinha verde que não lembro o nome.
Não to pensando em ficar craque nesse negócio, mas que é bom preparar a própria comida, ah, isso é bom.

* A foto aí em cima é do almoço de hoje. E a de baixo prova a evolução da espécie.

domingo, 13 de setembro de 2009

Nice




Em Nice pude fazer tudo bem na manha, do meu jeito. Como já conhecia um pouco a cidade e algumas praias em volta, não achei necessidade de repetir certas coisas. Mas foi novidade conhecer o lugar onde fiquei, porque era bem na muvuca da cidade e me parece que ano passado não conhecemos bem aquilo. Altamente turística e com os preços nada simpáticos, a Vieux Nice passa a imagem de uma cidade disposta a receber gente do mundo todo, onde inglês também se vira tranqüilo por lá. A brisa do mar torna tudo diferente de Grenoble, por exemplo, porque enquanto se caminha, se sabe que a duas quadras pode-se ver o azul do Mediterrâneo e enfim pensar que nossos pensamentos não tem limite de alcance. Bom, essa é uma sensação que tenho ao ver o mar.
Conhecendo a extensão do Mediterâneo dá pra ir até Marseille, mas resolvi não ir muito longe e, como disse antes, fiz tudo na manha. Conheci Villefranche-sur-mer, uma praia com poucos restaurantes (mínimo 10 eurô) e que recebe bem pequenas lanchas de franceses e italianos bem de vida. A praia é pequena e as pedrinhas no lugar da areia atraem as pessoas pelo fácil acesso (o trem para exatamente do lado da praia, só é preciso descer uma escada e chegar no mar, praticamente). Não me agradou muito pagar 2 euros numa água que custa 30 cents no mercado, mas paciência. Quer bancar a fina em Nice? Se fode! É tudo mais caro lá. Pois bem, passar a tarde pegando sol também não era meu objetivo, então no começo da tarde voltei pra estação de trem e pensei “onde é que eu posso ir?”, daí no trajeto do trem que percorre uma parte de Côte d´Azur vi o nome Grasse. E foi pra lá que me mandei. O que eu não sabia é que a viagem durava uma hora e meia. Sem problemas, eu não tinha horário pra chegar em casa.
Grasse é a cidade dos perfumes, tudo gira em torno das fábricas que existem lá e da história que a cidade pode contar sobre eles. Tive a oportunidade de fazer uma visita guiada na Fragonard, uma das mais famosas produtoras de perfume da França (esse dado eu inventei) e foi fantástico conhecer o processo de fabricação antigo e atual de uma série de líquidos. No final eles nos levaram pra loja da fábrica e fizeram aquela lavagem cerebral, que eu caí, é claro. A Sandra vai ficar feliz.
No dia seguinte não quis ir a Mônaco. Parênteses, a cambada de farofeiro vai diariamente pra Mônaco, passa o dia de chinelinho e de noite quer olhar o luxo em volta do cassino, fecha parênteses. Eu, como boa canoense, cansada de farofagem, fui conhecer Menton. A cidade faz divisa com a Itália e realmente foi a cidade mais italiana que eu já vi. Ela é bem mais limpa do que a média aqui na França e conta com um bom número de topless de velhacas, mas essa parte posso pular. O senso de polidez é bastante visível em cidades assim: por favor, com licença, desculpa por te incomodar rolam solto, assim como também uma certa hipocrisia em ter de falar isso o tempo todo sem nem ao menos olhar nos olhos da pessoa. Voilà...
Da noite de Nice só conheci um bar com uma banda de rock, na companhia de uns americanos. O intercâmbio cultural foi muito bom pra mim lá, porque é sempre bom poder falar do Brasil, conhecer melhor peculiaridades de estrangeiros e poder encontrar o azul do Mediterrâneo a hora que quiser. Voltaria pra Côte d´Azur todo ano.




* Villefranche-sur-mer

* Menton

Ah! Em www.flickr.com/isisgmr dá pra ver mais fotos.

sábado, 12 de setembro de 2009

Lyon e outras coisas






Demorei pra escrever e acho que deixei algumas coisas pelo caminho. É que andei visitando umas cidades muito interessantes semana passada e tentar relatar tudo é trair a verdade. Então já que não vou relatar tudo, vou contar um pouco de como foi essa miniviagem que aconteceu do dia 4 ao dia 8 de setembro.
Dia 4 deveria ter pego o trem das 7h20, por aí, mas cheguei em cima da hora e tive que pegar o seguinte, algo do tipo 7h25. Fui pra Lyon, cheguei cedo, fui pro albergue e já me mandei pra conhecer a cidade. Meu objetivo era conhecer a vida lyonnaise, um pouco da cidade e dormir cedo. O bom do albergue é que fica numa parte muito bonita, no alto da colina, com aquela vista clássica da cidade, que é bom fazer quando se chega num lugar, e é lá que tem um anfiteatro galo-romano. Oui, restos de um anfiteatro do século I a.C (eu acho) mostram um pouco do que é a mais antiga ocupação romana fora de Roma. A pé é fácil de chegar na Vieux Lyon, com restaurantes anunciando a legítima comida lyonnaise e foi exatamente aí a melhor imagem que tive da cidade: pedras, vinho, arte e a tentativa de conservação desse patrimônio mundial. Posso dizer também que esse dia em Lyon me garantiu um pouco mais de segurança no francês, porque no albergue que fiquei era francês ou nada de conversa.
Dia 5 às 7h30 fui em direção à Nice. Fiquei num albergue bem bacaninha, organizado e muito bem localizado. Meus passeios foram solitários por lá e a imagem que tenho de Côte d´Azur continua linda (haha). Ah, isso merece outro post.


quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Annecy - 1º de setembro



Annecy muito linda! Minha mãe disse que as fotos parecem de cartão postal. Eu nem mostrei pra ela fotos das janelas e das flores da cidade, senão ela diria que tá deixando Canoas agora pra morar aqui perto de mim. Sabe o papo de que Valence é a cidade mais silenciosa que eu já estive? Pois Annecy é a mais cheirosa. Para os apreciadores de perfumes e de especiarias eu garanto que vão se sentir em um campo de flores ao lado de algum restaurante provençal. Lá também tem aquelas pessoas fedorentas que existem na França e que não são francesas, mas a grande maioria parece tomar banho em algum hotelzinho com vista para o grande lago da cidade. Vários turistas que falam inglês, o que é raro aqui em Grenoble, pelo menos no verão.
Na praia paga (2 eurô) deu pra pegar uma corzinha de saúde e ficar analisando crianças francesas... Os mais pequenos sabem se vestir sozinhos depois de ter passado o dia todo quase pelados. Juro que fiquei impressionada com a desenvoltura e a pouca vergonha deles. Todo mundo peladão tentando amarrar uma blusa ou um calção. Vai ver é por isso que aqui na França os jovens saem de casa mais cedo, porque aprendem mais cedo a vestir a própria roupa.
Agora, tirando essa constatação tacanha, mais um pouco da cidade linda que eu pretendo voltar com a minha mãe: lá tem castelo, catedral gigante e tem aquelas casinhas tipo Harry Potter. Pra quem não sabe, são casinhas de pedra em ruas estreitas e nada planas, com portas de madeira, telhados de escamas e flores e tomates nas janelas. Quero muito voltar. :)